quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A ROTA DA SEDA - AGOSTO E SETEMBRO DE 2011


"ROTA DA SEDA" é um nome que se dá, tradicional e genericamente, ao caminho percorrido pelas caravanas de camelos na Idade Média e que levavam os exóticos produtos da Ásia e, notadamente a seda, da China para a Europa. Os caminhos eram variados mas havia algumas constantes: iniciavam-se na China, percorriam diversas rotas pela Ásia Central e seu término era em Constantinopla, a atual Istambul, então um grande centro cultural e comercial, grande entreposto de produtos vindos do Oriente. A partir daí, navios mercantes italianos e, principalmente, os da República de Veneza, encarregavam-se de levá-los das margens do Bósforo para as do Adriático, de onde eram distribuídos por toda a Europa Ocidental.


A excursão organizada com o grupo, todos amigos pessoais meus, restringia-se à Ásia Central, às antigas repúblicas soviéticas com terminação em "stão". Mas, mesmo tendo eu incluído, por minha conta, uma passagem pela Grécia e outra parada em Istambul, isso não só não descaracterizou o nome do passeio, como acrescentou mais. Afinal, não era Istambul o ponto final das caravanas? E os navios venezianos, para se dirigirem dali para a Itália não tinham de cruzar os mares gregos?


Portanto, tudo foi ROTA DA SEDA!!!


Mas, agora vamos às fotos.


Grande abraço a todos,


Pedro

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Na Grécia, minha primeira parada, tive o prazer de encontrar meu amigo João Moysés, médico de Salvador e o baiano mais grego que já conheci em minha vida! Já foi à Hélade quase 10 vezes! Juntos pegamos um ônibus de linha e fomos visitar o Templo de Poseidon, no Cabo Súnion, ponta extrema da Ática, a região onde fica Atenas.


No dia seguinte peguei um hidrofoil e fui visitar a ilha de Spetses, a 2 horas do Pireu, no esquema bate-e-volta. Sai de manhã e retornei à tarde. A única parada do barco foi em Hidra (acima), pitoresca ilha com as casas construídas em anfiteatro, no sopé do morro que sobre do mar.


O velho porto de Spetses. Ilha histórica, juntamente com Hidra e Psará formaram o tripé sobre o qual se baseou o poderio naval grego durante a Revolução de 1821, que culminou com o fim do domínio otomano e a criação do moderno estado grego.


Na véspera da partida de João Moysés para retornar ao Brasil, fomos assistir a uma apresentação da "Medéia", de Eurípedes, no Odeon de Herodes, o Ático, teatro construído ao pé da Acrópole de Atenas no século II d.C. Emocionante. Conhecendo a história, João não teve dificuldades em acompanhar a trama, mesmo que apresentada em grego (moderno) e um ou outro trecho eu explicava. Terminado o espetáculo, fomos a uma taverna para que ele saboreasse seus últimos pratos e vinho gregos.

Depois de Atenas, Istambul, a Bizâncio da Antiguidade e a Constantinopla da Idade Média. Grande centro religioso, cultural e comercial durante toda sua história. Na foto, o porto dos navios de cabotagem, que ligam os diversos bairros da cidade, construída sobre dois continentes: Europa e Ásia.


O monumento mais visitado da Turquia: a Basílica de Santa Sofia, construída pelo Imperador Justiniano no séc. VI d.C. e dedicada à Santa Sabedoria (Sofia) de Deus, não a alguma mulher, chamada Sofia e que fosse santa. Meus amigos achavam que era dedicada a uma "santa" e diziam "fomos à Sofia"!!! Nada disso: é muito mais! A Santa Sabedoria de Deus! "Sofia" sozinha não quer dizer nada, em termos de religião...é conceito filosófico.


O interior de Santa Sofia. Não me canso de visitá-la, em todas as vezes que fui a Istambul. O imperador na realidade "saqueou" os templos da Antiguidade e tirou peças e colunas das mais variadas províncias do Império para fazer sua basílica. Mas ela é encantadoramente linda!


Chegamos à Ásia Central. Estamos em Tashkent, capital da República do Uzbequistão. Cidade moderna e bonita, tem lá seus monumentos, mas que nem de longe se comparam aos que veríamos nas cidades verdadeiramente históricas desse país que é um dos principais da Rota da Seda. Permanece o estilo, falta a antiguidade. No aspecto moderno, ruas, avenidas praças, arborização de fazer frente a qualquer capital da Europa.


A ala do mercado destinada a fornecer comida, na realidade, a "praça de alimentação". Foi lá que nosso guia, Rassul (que falava um excelente espanhol), nos levou para almoçar, após perguntar se queríamos conhecê-lo e fazer a refeição. A fumaça que se vê é dos espetinhos assados na brasa, a comida típica do país (acompanhados de "plov", um típico arroz acompanhado de grãos de bico e especiarias).


O grupo todo matando a fome.


Fomos visitar o mercado de frutas e legumes. As frutas desta região da Ásia são de encher os olhos (e a boca): lindas e super saborosas! Maçãs, peras e a grande vedete, as romãs, das quais se extrai o suco, tal como nós fazemos o caldo de cana. Uma delícia!



Duas "comadres" conversam animadamente, enquanto põe à venda seus dourados limões sicilianos.





Uma vista mais ampla do mercado, para se ter uma leve ideia de seu tamanho. Digna de nota a limpeza que imperava no local.


Na parte moderna de Tashkent, o edífício do Hotel Uzbekistan, que data da época soviética e, no meio da praça, a estátua equestre do herói nacional, Amir Temur, conhecido na história ocidental pelo nome de Tamerlão. Herói para os uzbeques, bárbaro para turcos (chegou a aprisionar o Sultão Bajazed) e também para os europeus.
Os uzbeques, assim como todos os povos centro-asiáticos que visitamos, são de uma cordialidade ímpar! Amáveis, interagem com o turista, conversam (quando conseguem falar...), posam para fotos. As moças, que usam o lenço islâmico, mais o fazem por ser "fashion" do que por fervor religioso. O rapaz é hiper moderno e nós com eles, numa boa! Os traços físicos demonstram uma distante ascendência mongólica.


Cidade repleta de jardins, num deles Tashkent apresenta nos fins de semana sua feira de arte, a lembrar em tudo a da Praça da República, em São Paulo.


É marca registrada em todos os países visitados o hábito de os noivos, logo após o casamento, posarem para fotos em lugares públicos, tais como praças e jardins. E sem nenhum constrangimento se pode pedir para tirar fotos deles, que eles agradecem. Ao fundo, os prédios modernos da capital.


O padrão de beleza das praças e jardins da parte moderna da cidade.


Depois da modernidade, agora pisamos fundo na história: após um voo de pouco mais de uma hora chegamos a Khiva, importante centro da Rota da Seda. Na manhã seguinte, uma bela vista das muralhas que circundam a cidade.


Já estamos dentro das vielas (aliás, super limpas e bem cuidadas) da parte antiga e histórica da cidade. Ao fundo, o minarete de Kalta Minor (ou seja, Torre Curta), mas que na realidade é o segundo mais alto da cidade. É espetacularmente decorado com cerâmicas coloridas.

A riqueza e delicadeza da cerâmica (e também o teto) que compõe a decoração da madrassa, a escola corânica. A cor azul prevalece em tudo.


Do mirante, no alto da madrassa, a vista de Khiva e de seus inúmeros minaretes. A cidade é toda histórica, não vimos nenhum prédio moderno e alto, a contrastar com suas antigas construções.


O mercado de artesanato e de tapetes.


O minarete de Islam Hodja, pertencente à madrassa do mesmo nome, é o mais alto da cidade, alcançando 44 m, com um diâmetro de 10 m na base. É visto de qualquer parte da cidade, a grande distância.


Sobre as muralhas de Khiva, uma poética vista da cidade e de seus monumentos sob o sol poente.


No seu caminho rumo ao ocaso, o sol coroa um outro minarete. No dia seguinte, nós já iremos nos despedir de Khiva.


Mas o entardecer nos reserva esta bela visão das muralhas e dos monumentos devidamente iluminados.


No dia seguinte pela manhã partimos para Bukhara, outra super histórica cidade da Rota. 500 km de uma estrada péssima e em obras separam as duas cidades. Mas, nas paradas que fizemos, a incrível riqueza da terra uzbeque está bem visível.


Depois da longa estrada, chegamos a Bukhara e não perdemos tempo. Fomos ter a primeira vista da cidade ao entardecer, com seus monumentos magnificamente iluminados, como é o caso do Labi-Hauz, ao fundo. Ao centro, o monumento de Nasreddin Hodja, uma lendária figura de contos infantis turcos e árabes mas que se espalhou até mesmo pela Europa, sendo seus contos largamento lidos e apreciados em países como a Grécia. Eu, quando criança, cheguei a ler estas histórias do Hodja.


O Labi-Hauz apresenta em seu interior um grande pátio, em cujas laterais encontram-se inúmeras lojas de artesanato e tapetes. No meio há um restaurante (onde jantamos) e no qual é apresentado um espetáculo folclórico muito interessante.


A famosa madrassa com os quatro minaretes idênticos, denominada Chor Minor.


O centro histórico de Bukhara.


Detalhes da decoração em azulejos e cerâmica da parede exterior de uma madrassa.


O grande pátio de uma madrassa, vendo ao lado esquerdo a fonte para as abluções e ao fundo o minarete-símbolo de Bukhara, chamado Minarete Kalon.

Todos os minaretes têm formatos distintos um do outro.


Ao lado da cidade, a grande fortaleza destinada a protegê-la. Foi o último baluarte a cair em mãos dos russos, quando conquistaram a cidade em 1867.


Um grupo de turistas a fazer turismo interno. Vimos vários grupos assim, vindos de cidades do interior para conhecer as cidades grandes. Ao contrário de outros países muçulmanos, onde as mulheres escondem o rosto quando vêem um turista ou se recusam a aparecer em fotos, no Uzbequistão elas atendem com o maior prazer. Nesta foto, além de mim, há somente mulheres e uma criança. E nenhum problema!

Uma bela vista do conjunto histórico de Bukhara que, como não poderia deixar de ser, é tombado pela UNESCO: as muralhas, as cúpulas das mesquitas e madrassas, o Minarete Kalon, tudo junto na foto...


Uma viagem de seis horas em carro, em estrada com bom estado de conservação, levou-nos de Bukhara para a não menos histórica Samarcanda, uma das glórias da Ásia Central, habitada desde tempos anteriores à conquista de Alexandre, o Magno. O centro político e religioso encontrava-se na Praça do Registão, circundada de madrassas. Na foto, o interior da magnífica madrassa Tilla Kari.


A cúpula da mesma madrassa, um impressionante trabalho de arte e beleza.
Nosso grupo na "lojinha" (como não podia deixar de ser...) da madrassa.


Samarcanda abriga um importante observatório astrônomico, dedicado ao grande astrônomo, cientista e sultão uzbeque Mirzo Ulugbek, que viveu entre 1394 e 1449 d.C. Na foto, sua estátua e atrás, uma magnífica representação do firmamento.


Faz parte da cultura e por isso visitamos um cemitério uzbeque atual. Evidente a influência russa e soviética, já que foge dos estritos padrões islâmicos. Nas lápides, há inscrições e, mais do que isso, fotos dos defuntos, algo impensável na ortodoxia muçulmana.


Mais uma vez inteargindo com o simpático povo uzbeque. Este também era um grupo que fazia turismo interno. Estávamos visitando o cemitério, mas já na parte histórica, com tumbas antigas.


O monumental cemitério de Samarcanda. Ao lado dos grandes mausoléus, há também tumbas mais simples (à esquerda).


Sem comentários!


A garotinha, acompanhada de sua mãe e avó. Tudo dentro do cemitério.


Visita ao Mausoléu de Bibi Hanum. Estamos no jardim em frente e novamente estamos com o povo local. Matilde, Vera e eu. Note-se que há mulheres com lenço na cabeça e outras com a cabeça totalmente descoberta. Opção de cada uma.

O mausoléu de Bibi Hanum, propriamente dito.


A Praça do Registão, que já mencionei, centro político e religioso de Samarcanda. A praça é flanqueada, por três lados, de împonentes madrassas.


Outro lado da mesma praça.